sábado, 6 de abril de 2013

Dieta sem glúten e caseína no tratamento do autismo


O status médico-científico atual da dieta sem glúten e caseína no tratamento do autismo

O tratamento do autismo - uma síndrome complexa que prejudica a capacidade de comunicação e interação social dos portadores - frequentemente consiste de uma série abrangente de programas educacionais, terapias e tratamentos comportamentais. Várias intervenções nutricionais também tem sido sugeridas, como a restrição de alguns alérgenos alimentares, o uso de probióticos e de suplementos nutricionais. Uma das intervenções atualmente mais populares, no entanto, é a dieta sem glúten e sem caseína (dieta SGSC) a qual, como o próprio nome diz, elimina todas as fontes de glúten (presente no trigo, cevada, centeio e aveia) e caseína (presente no leite e derivados) da alimentação.Um artigo recentemente publicado na revista Nutrition and Clinical Practice, pela Dra. Jenniger Elder, faz uma revisão do status médico e científico da dieta, e traz recomendações para que as famílias dos portadores e profissionais de saúde possam decidir pela adoção - ou não - da dieta. Resumimos aqui os principais pontos enfatizados pela pesquisadora.

Assim como a Dra. Elder explica, uma das hipóteses principais sobre os benefícios da dieta se baseia na idéia de que alguns dos sintomas autísticos possam ser consequência de um excesso de opióides (substâncias química com ação similar a da morfina) no organismo. A hipótese postula que a maior permeabilidade intestinal frequentemente observada em autistas permitiria que grandes peptídeos - resultantes da digestão incompleta do glúten e da caseína - possam cruzar a membrana intestinal. Estes peptídeos poderiam atuar como os opióides produzidos naturalmente no organismo, entrando na corrente sanguínea e então alcançando o sistema nervoso central. Postula-se que o excesso de opióides no sistema nervoso central poderia produzir alguns dos sintomas observados em indivíduos autistas. Assim, a retirada do glúten e da caseína da dieta produziria a melhoria dos sintomas em alguns dos portadores.

Resultados dos Testes da Dieta

Os resultados de estudos científicos para investigar os efeitos da dieta SGSC na melhoria dos sintomas ainda são preliminares, uma vez que seria necessário ainda um maior número de participantes, bem como controles mais rigorosos da adoção da dieta pelos participantes e medidas diagnósticas padronizadas dos sintomas para que conclusões mais definitivas possam ser tiradas. Seguem abaixo os principais resultados:

- Em um estudo conduzido em 2003, o qual envolveu 50 crianças com autismo, revelou (através de análises sanguíneas) que um número significativo destas crianças tinham anticorpos contra o glúten (gliadina) e a caseína (ou seja, havia uma reação auto-imune na presença destas substâncias)

- Em outro estudo envolvendo 20 participantes, demonstrou-se que embora mudanças tenham sido observadas nos dois grupos, o grupo de crianças autistas que adotou a dieta SGSC apresentou melhorias significativas no comportamento, cognição não verbal e coordenação motora em relação ao grupo de crianças que adotaram uma dieta padrão (com gluten e caseína).

- Finalmente, um estudo publicado no Journal of Autism and Related Disorders envolvendo 13 crianças e controles mais rigorosos analisou os efeitos da adoção da dieta por 12 semanas. Este estudo mostrou que, embora tenham sido observadas melhoras pontuais na linguagem e comportamento, não houveram diferenças significativas quando se comparam os sintomas do grupo de crianças seguindo - ou não - a dieta. É interessante notar, no entanto, que 7 das 13 famílias que participaram do estudo (e adotaram a dieta SGSC) notaram melhorias nos sintomas, diminuição da hiperatividade, melhoria na linguagem e menor frequencia de comportamentos repetitivos (as quais, por seu caráter mais subjetivo, não foram consideradas pelos pesquisadores na análise dos resultados). Os autores reconhecem que um período mais longo do que 12 semanas possa ser necessário para que as melhorias se tornem mais aparentes.

Implementando a Dieta

Embora os resultados científicos ainda sejam preliminares e mais estudos ainda sejam necessários, a Dra. Elder considera que a dieta SGSC possa ser uma possibilidade promissora de tratamento. No entanto, ela enfatiza que as famílias e profissionais devem avaliar com muito cuidado todos os prós e contras da adoção da dieta antes de implementá-la:

1. A família terá condições de proporcionar à criança os alimentos sem glúten e sem caseína, frequentemente mais caros e difíceis de encontrar?

2. A família já considerou o tempo adicionais que será necessário para preparar a dieta especial?

3. Há compromisso, de pelo menos um dos familiares, de manter registros precisos da alimentação do portador e possíveis mudanças nos sintomas?

4. Será possível manter a adoção rígida da dieta pelo portador em casa, e mesmo fora dela (como por exemplo na escola, em viagens, etc)?

5. Qual o estado de saúde da criança? Como este será monitorado (isto é importante, pois há registros de perda óssea e deficiências de aminoácidos em crianças que seguiram a dieta SGSC, indicando que o estado nutricional da criança deve ser acompanhado e, em alguns casos, suplementos nutricionais e vitamínicos possam ser administrados)

6. A criança tem um repertório alimentar já restrito o qual, se limitado ainda mais pelo dieta, poderia comprometer seu estado nutricional?

Pesquisas Futuras

Atualmente, existem dois estudos sendo conduzidos, um na Noruega (http://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT00614198) e outro nos Estados Unidos (http://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT00090428?term=autism+diet%26rank=2). Enquanto os cientistas aguardam mais evidências sobre a eficência da dieta no tratamento dos sintomas, é importante considerar cuidadosamente seus prós e contras para que se possa garantir a saúde dos portadores.

Mais informações: Elder JH. 2009. The gluten-free, casein-free diet in autism: an overview with clinical implications. Nutr Clin Pract. 23

Citar fonte como: Revista Vida sem Glúten e sem Alergias, 2009 (www.vidasemglutenealergias.com)

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A dieta pode melhorar os sintomas do autismo?


O autismo é uma desordem ainda pouco compreendida. Geralmente o diagnóstico é feito com base em características como dificuldades de interação social, prejuízos na comunicação e padrões restritos e repetitivos de comportamentos e interesses. É uma doença diferente do retardo mental ou da lesão cerebral, sendo mais freqüente em meninos. Suas causas não são conhecidas porém existe a hipótese de que proteínas como o glúten e a caseína estão envolvidas no desenvolvimento e progressão da doença.
Muitos livros e sites da internet, especialmente nos EUA recomendam que indivíduos autistas eliminem estas substâncias de suas dietas. A proteína glúten está presente em alimentos feitos com aveia, centeio, cevada e trigo. Assim bolos, tortas, biscoitos, massas e pizzas quando feitos com estas matérias primas devem ser eliminados da dieta. A caseína é a proteína do leite dos mamíferos. Uma dieta livre de caseína deverá excluir o leite e todos os seus derivados como queijo e iogurte.
Com esta dieta, pais, médicos e nutricionistas relatam melhoras significativas nos sintomas dos indivíduos autistas. Porém será que a dieta realmente ajuda?


O que se sabe até agora:

O glúten e a caseína contém proteínas que ao serem digeridas tranformam-se em compostos opiáceos com poder de gerar uma certa dependência. Estes compostos são as gluteomorfinas e caseomorfinas.

Alguns indivíduos autistas (20%) apresentam sintomas gastrintestinais como diarréias frequentes. O intestino destes indivíduos também costuma ser mais permeável causando uma absorção dos compostos opiáceos. Quando os indivíduos apresentam esta absorção exagerada a quantidade de compostos opiáceos na urina é bastante aumentada.

Tais compostos atingem o cérebro causando estados mentais compatíveis com intoxicação por drogas opiácias, como a morfina, a codeína e a heroína. Estudos mostram que camundongos que receberam doses elevadas de caseomorfinas tiveram áreas do cérebro alteradas. Porém não tenho conhecimento de nenhum estudo que comprove que caseomorfinas e gluteomorfinas possam causar sintomas do autismo em seres humanos.

Mesmo assim, alguns estudos mostram que quando a caseína e o glúten são removidos da dieta os indivíduos não mais sentem os efeitos dos compostos opiáceos e seu comportamento melhora significativamente. Outros estudos não mostram nenhuma relação entre dieta e autismo.

Pesquisas controladas estão sendo realizadas no momento e devem estar disponíveis até o próximo ano.

Testando a dieta:

O instituto de pesquisa sobre autismo, estabeleceu um tratamento que inclui a dieta livre em glúten e caseína ara indivíduos autistas. De acordo com o instituto todo indivíduo autista deve testar a mesma por pelo menos três meses. Porém consulte um nutricionista pois a retirada de alguns alimentos deve ser feita em substituição a outras para que a criança não desenvolva nenhuma deficiência nutricional. Geralmente o processo se inicia com a remoção de um alimento por vez para que se saiba qual estava causando mais problemas. Por exemplo, como primeiro passo o leite de vaca pode ser substituído por leite de soja ou suco fortificado com cálcio. Um mês após a eliminação do leite e de seus derivados inicia-se a eliminação do glúten. A dieta exige bastante paciência e colaboração de familiares e professores já que todos os ingredientes de alimentos industrializados devem ser lidos afim de detectar a possível adição de caseinatos, lactose, aveia, trigo, farinha de trigo, farelo de trigo etc. Nossa legislação ainda obriga as indústrias a incluir nos rótulos as frases: "contém glúten" ou "não contém glúten".

Procure por lojas que vendam alimentos livres de glúten e caseína e também por receitas para que a dieta não fique muito monótona. Para receitas sem glúten:

http://www.acelbra-rs.org.br/receitas.asp

Alimentos permitidos incluem arroz, quinoa, batatas, farinha de milho, soja, frutas, vegetais, feijão, tapioca, carnes, peixes e ovos.

Resolvendo dois problemas comuns:

- "Leite e pão são os alimentos que meu filho mais aceita. O que fazer? Se eu retirá-los ele pode emagrecer." Caso seu filho seja uma das crianças que apresenta grande absorção de compostos provenientes do glúten e da caseína é importante que se teste a dieta. Após um primeiro período de insatisfação seu filho se tornará mais confortável com outros alimentos. Faça pães, bolos e outros alimentos que não levem leite e trigo.

Lista de alimentos sem glúten: http://www.acelbra.org.br/2004/alimentos.php

Você também pode ligar para o serviço de atendimento ao cliente das empresas alimentícias e solicitar uma lista dos alimentos sem glúten fabricados por eles.

- "Como eliminar o leite?" O leite de vaca é um alimento que tem uma composição adequada para o bezerro mas não para seres humanos. Seu principal ponto forte é seu conteúdo alto em cálcio. Porém o mesmo pode ser adequadamente adquirido com uma ingestão apropriada de vegetais verde-escuros e castanhas. Várias marcas de leite de soja também contém fortificação com cálcio. Caso seu nutricionista ainda considere sua ingestão insuficiente poderá prescrever um suplemento. Leia sempre os rótulos pois o leite está presente em vários alimentos industrializados, procure pelas palavras leite, leite em pó, caseína e lactose.



Mais informações, aqui tbm:

http://portugalmundial.com/2013/01/evite-o-leite-pela-sua-saude/

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