História da Acupuntura

História da acupuntura
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A história da Acupuntura é indissociável da história da Medicina na China. Há que se recordar que a cultura chinesa tem a mais antiga tradição de linguagem escrita (desde 3100 AC). Isto permitiu a transmissão de conhecimentos entre gerações, sem a deturpação típica da tradição oral. Na China, a história, período após o surgimento da escrita, é anterior à idade dos metais.

Pré-história

Animais estimulam pontos doloridos em seu próprio corpo, para alívio. O homem pré-histórico provavelmente já fazia o mesmo.

Na China antiga já se utilizavam as “Pedras Bian”, pedras pontiagudas, para tratamento da dor por estímulo de pontos doloridos, ou pontos “Ashi”. Em ruínas chinesas, da idade da pedra, datadas entre 10000 e 4000 AC, foram encontradas estas pedras.

Idade antiga

Em achados datados da Dinastia Shang , cerca de 1000 AC, já havia agulhas de bronze.

A medicina chinesa começou seu desenvolvimento documentado na era da Dinastia "Zhou", de 1027 AC a 221 AC. Naquele período, a medicina chinesa evolui de uma medicina xamânica , onde as doenças eram consideradas obras de espíritos demoníacos, para uma medicina mais evoluída, com embasamento filosófico. Durante o período chamado de "Média Era Zhou", de 772 AC a 480 AC, o confucionismo estabeleceu-se como um dos três pilares filosóficos da medicina chinesa (Confucionismo, Taoísmo e Budismo). Deste período vem a noção de que os atos de uma pessoa afetam diretamente a sua saúde, afastando a idéia de que as doenças eram de origem demoníaca.


Durante a "Era Zhou Tardia" de 480 AC a 221 AC, surgiu na China o Taoísmo. Data desta era uma das mais significativas diferenças entre a medicina Chinesa e a Ocidental. A persistência de antigas tradições mágico-demoníacas da Medicina Chinesa foram mantidas, junto a conceitos mais modernos de etiopatogenia.

Esta característica de manutenção de antigos conhecimentos junto a novos, é algo que a construção substitutiva da medicina Ocidental não soube fazer. No ocidente, o conhecimento moderno apaga o antigo. Na tradição Chinesa, o conhecimento antigo não é desprezado, mas fica armazenado, para referência.

A persistência deste conhecimento, em nossos dias, leva alguns praticantes de Medicina Chinesa a desconsiderar o conhecimento científico moderno, atendo-se ao caráter místico do conhecimento antigo. Tal fato deve ser visto com cautela. Um exemplo desta afirmação é a antiga prescrição de Acupuntura para apendicite aguda [1], que, sendo eficaz para aliviar a dor, sem o correto diagnóstico, pode retardar o tratamento cirúrgico, com grandes prejuízos para o paciente.

Em seguida, a dinastia "Qin" de 221 AC a 206 AC, embora conhecida como período de "queima de livros", teve o mérito de adotar a moeda e sistematizar pesos e medidas, construir estradas e organizar a escrita, promovendo o crescimento econômico e cultural para a Dinastia Han, de 206 AC a 220 DC. .

Datam desta época, três livros importantes da Medicina Chinesa. O Ma Wang Hui, o Nan jing (clássico das dificuldades) e o Huang Di Nei jing o livro do imperador amarelo. Foi redigido entre o primeiro e segundo séculos antes de Cristo, como uma compilação do conhecimento médico então existente. Escrito como se fosse pelo mítico "Imperador Amarelo", que teria vivido entre 2698 AC a 2598 AC, é dividido em dois livros. O primeiro, Su Wen, questões fundamentais, discorre sobre a teoria médica da época. O segundo livro, Ling Shu, ou eixo espiritual, é um manual de Acupuntura. Os dois livros tratam da aplicação dos conceitos de Ying e Yang na medicina, da teoria dos cinco elementos (ou cinco movimentos), descrevem a teoria dos meridianos, tratam do conceito do Qi e atribuem definitivamente aos sintomas causas orgânicas ao invés de causas sobrenaturais.

Durante a Dinastia Han, a fisiologia foi compreendida como a inter-relação entre os sistemas orgânicos.

Idade média

Entre 220 e 589, a China passou por novo período de instabilidade política. A introdução do budismo, embora pouco tenha modificado as práticas médicas então vigentes, introduziu o conceito de manutenção da saúde pela prática de exercícios físicos e de meditação. É desta época o livro Zhen Jiu Jia Yi Jing que é um texto clássico da Acupuntura e Moxibustão. Detalha os meridianos, os pontos e as técnicas de tratamento por Acupuntura e moxibustão.

Também deste período é a expansão da Acupuntura para o Japão, Coréia e Vietnam. Na curta Dinastia Sui, de 590 a 617, o médico Sun Si Miao combinou as teorias taoístas e budistas com a correspondência sistemática entre os sinais, sintomas e as doenças. Também descreveu vários pontos de Acupuntura localizados fora dos meridianos tradicionais, chamados de "Pontos Extras".

A dinastia Tang (618 a 906) é conhecida como a segunda idade do ouro na China. O império foi unificado. Os pilares filosóficos (Confucionismo, Taoísmo e Budismo) e o contato com outras culturas fizeram a China crescer intelectualmente. Nos outros países do oriente, a Acupuntura ganhou terreno e foi bem estudada. Em 702, é fundada a primeira escola médica imperial, em Nara, Japão, onde se ensinou a Acupuntura. Entretanto, o desenvolvimento da Acupuntura, na China no período Tang, foi modesto. Isto, porque a grande preocupação dos imperadores, era que se desenvolvessem elixires da longevidade.


A dinastia Song (960 a 1264)foi um período chamado de Neo-confucionismo. O conceito de Qi tornou-se outra vez popular e os princípios básicos da Medicina Chinesa ficaram bem estabelecidos em todas as áreas, Acupuntura e Moxibustão, Farmacoterapia, Nutrologia,etc. Em 1255, com a "Viagem à Terra dos Mongóis", o europeu William de Rubruk já fazia referências à Acupuntura.


A Dinastia Yuan, de 1264 a 1368 é o período durante o qual a China foi dominada pelos mongóis, liderados por Gengis-Khan. O Neo confucionismo prosseguiu e a Acupuntura, também progrediu. Em 1341, o médico "Hua Shuo" publicou Shi Si Jing Fa Hui. Este texto descreveu 303 pontos dos chamados 12 meridianos regulares e 51 pontos em dois meridianos extraordinários, totalizando 657 dos 670 pontos clássicos de Acupuntura.

A dinastia Ming, de 1368 a 1644, foi o período de consolidação do conhecimento médico chinês e, conseqüentemente, da Acupuntura.

Idade moderna

Monges Jesuítas, a partir do século XVI, cunharam o termo, em língua portuguesa, que significa "Punção com agulhas" perpetuando um erro de tradução.[2] Em Chinês, "Zhen Jiu" significa, literalmente, "Agulha e Moxa". Moxa é bastão de artemísia, enrolado como um charuto, usado para aquecer o Ponto de acupuntura.

A Dinastia Qing, que durou de 1644 a 1911, não foi um período de grande desenvolvimento para a Acupuntura e moxibustão, constituindo-se de modo geral, em período de estabilização e continuísmo em vários aspectos.


Idade Contemporânea

No século XIX, a dificuldade de comunicação com a China não impediu que a Acupuntura fosse praticada e estudada por médicos ocidentais. [3] [4] [5][6]

Pesquisas médico-científicas foram publicadas também no início do século XX.[7] Porém, careciam de mais informações sobre o modo como a Acupuntura era praticada na China, que durante este período passara pela Revolução Chinesa, a qual cerrou as portas ao Ocidente.

Durante este período, na China, a prática da Acupuntura chegou a ser proibida pelo Partido Comunista da China, que a considerava um símbolo do antigo regime imperial. Os intelectuais foram perseguidos, e as escolas de Medicina que ensinavam Acupuntura foram fechadas.

Após 1949, quando Mao Tse-tung assumiu o poder, a China passou por um renascimento cultural e científico e a pesquisa e ensino da Acupuntura foram novamente permitidos e até incentivados, com a reabertura das escolas médicas chinesas.


Mas foi a partir de 1971, com o relato do efeito da acupuntura no tratamento das dores pós-operatórias do jornalista James Reston, que foi submetido a uma apendicectomia enquanto estava na China, e após 1972, com a visita do presidente Norte-americano Richard Nixon, àquele país, que a Acupuntura passou a ser melhor estudada pelo método científico, no Ocidente, graças ao reatamento de relações internacionais que permitiu a melhor troca de informações entre os cientistas.