sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Vibhuti Yoga - A excelência Divina

Deus não é diferentes coisas, mas Tudo em tudo. Ele é a Unidade de que procedem todos os números; Êle é, em tudo, o verdadeiro fundamento e a verdadeira essência. Em si mesmo imutável, manifesta-se de variadissimos modos, conforme os pontos. Dele não podemos dizer que seja, em si mesmo, perfeito ou imperfeito, bom ou mau, porque Ele é a Perfeição e a Bondade mesma; em tôdas as coisas, Êle é o mais perfeito Sêr.



Krishna representa o Homem-Deus, o nosso Ego (ou Eu) Superior.
Arjuna representa o homem no estado evolutivo.
Yoga significa união: yogi é aquêle que realizou a sua união consciente com a Alma Divina.


Segue abaixo o capítulo 10 do Livro. Vale a pena lê-lo todo. Olha aqui um blog no qual vc poderá baixar o livro do qual eu extrai esse capítulo:

http://blog.brauliobo.org/wordpress/2009/06/16/bhagavad-gita-editora-pensamento/




1. 0 Verbo Divino (Krishna) continua:

"Ouve, ó forte Herói! a doutrina mais importante que te quero expôr, porque a minha palavra te alegra e porque quero o teu bem.

2. Não conhecem a minha origem nem os anjos, nem os deuses, nem os grandes espíritos, nem os adeptos ou outros homens adiantados no saber; porque Eu sou a origem dêles todos.

3. Quem se adiantou em sabedoria, tanto que Me conhece como Ser Infinito, sem princípio e sem fim, o Senhor do Universo, êsse anda sem pecado, sem ilusão e sem êrro, no meio dos mortais.

4. Sabe que de Mim procedem todas as qua-lidades dos sêres individuais, como: a razão, o conhecimento, a sabedoria, paciência, verdade, clemência, domínio de si próprio, tranqüilidade, prazer e dor, nascimento e morte, coragem e mêdo.

5. Igualmente: a inocência, equanimidade, abstinência, contentamento, afabilidade, caridade, severidade, glória e modéstia.

6. De Mim tiraram origem os sete grandes Rishis ou reis-sábios, os quatro patriarcas (1) e os Manus (2): todos foram emanados da minha Mente, e dêles proveio o gênero humano.

7. Quem conhece esta minha soberania e a minha fôrça mística, sem dúvida é dotado de in-falível e inteligente fé e devoção.

8. Eu sou a Origem de tudo. O universo inteiro de Mim emana. Os sábios, que são Minha imagem e semelhança, conhecendo esta verdade, dirigem-se a Mim com adoração.


[(1) Os quatro patriarcas são os quatro espíritos emanados de Brama; Sanatkumara, Sanaka, Sanatana e Sanandana.

(2) Manus são os chefes e legisladores de uma raça.)]


9. Conservando-Me sempre em suas mentes, e fazendo a sua vida confluir com a minha, glorificam-Me constantemente, regozijam-se e são felizes. Eu, de contínuo, os ilumino o inspiro, e êles instruem uns aos outros e, com a luz do seu espírito, dissipam as trevas e a ignorância do mundo exterior.

10. A todos os que Me oferecem o coração, Eu sou a ciência do discernimento e intuição, para chegarem até Mim.

11. Residindo no centro das suas almas, faço-os sentir a Minha misericórdia, o Meu Amor, o espalho dali os raios do verdadeiro conhecimento, cuja luz dissipa as trevas oriundas da ignorância".

12. Exclama Arjuna:

"Em verdade, Tu és Parabram, o Senhor Supremo! Os deuses, anjos e sábios reconhecem-Te como o Refúgio universal, a mais elevada Morada, Eterno Criador, Sêr Absoluto Puríssimo, Onipotente, Onisciente, Onipresente!


13. Assim Te chamam os sábios, e Tu mesmo o confirmaste falando a mim. E eu Te creio em tudo e sem reserva, ó Senhor Abençoado!

14. A Tua presente manifestação encarnada, a Tua presença em forma terrestre é um grande mistério, que não compreendem nem os deuses, nem os anjos, nem os espíritos adiantados de todos os mundos.

15. Só Tu, único, Te compreendes, ó Fonte da vida, ó Senhor Supremo do universo inteiro, Deus dos deuses, Governador de Tudo o que é, foi e será!

16. Eu, Teu indigno discípulo, rogo-Te: podes me esclarecer a respeito das Tuas perfeições divinas e dizer-me com que misteriosa fôrça pe-netras todos os mundos e, no entanto, permaneces imutável em Ti mesmo?

17. Como poderei eu chegar a conhecer-Te? Como devo pensar em Ti? Como meditar em Ti, se não conheço a Tua forma própria?

18. Fala-me mais ainda, e mais extensamente, do Teu misterioso Sêr, das Tuas forças, dos Teus poderes e formas de manifestação, ó Senhor dos mundos! Eu tenho sêde de ouvir as Tuas imortais palavras, como quem há muitos dias não bebeu águas. Refrigera-me com os Teus ensinos, ó Mestre inigualável!"

19. 0 Verbo Divino: "Ouve, meu caríssimo! Descrever-te-ei as principais das minhas divinas características e manifestações; só as principais, porque sabes que o Meu Sêr e a Minha Natureza essencial são infinitos; as Minhas manifestações e Minhas fôrças não têm limites.

20. Eu, ó príncipe! sou o Espírito que reside na consciência de todos os sêres, e cujo reflexo é conhecido por todos como o "Eu" (ou Ego). Eu sou o princípio, o meio e o fim de tôdas as coisas.

21. Entre as Adityas (Deuses planetários), sou Vishnu (Deus Conservador); Entre os sóis brilhantes, sou o Sol Supremo; Entre os ventos, sou Marichi (Deus dos ventos); Entre os astros, sou a Lua.

22. No Vedas, sou o Sama-Veda (livros de hinos sagrados: Entre os deuses, védicos, sou Indra (o Rei dos deuses); Entre as faculdades, sou a Razão e, nos sêres vivos, sou a Vida.

23. Entre os aniquiladores, sou Shankara (o Destruidor); nos gigantes, sou a Grandeza; nos sêres elementares, sou o Elemento; entre os montes, sou Meru (a Montanha Santa).

24. Entre os sacerdotes, sou o Sumo Pontífice; entre os generais, sou Skanda (deus da guerra); entre as águas, sou o Oceano.

25. Entre os sábios, sou a Sabedoria; entre as palavras, a silaba AUM. Entre os sacrifícios, sou a elevação do espírito. Entre as montanhas, sou o Himalaia.

26. Entre as árvores, sou a figueira sagrada (a árvore da vida). Entre os iluminados, sou a luz; no música das esferas, a harmonia; nos santos, a Santidade.

27. Entre os cavalos, sou Utchaisrava, o cavalo de Indra (símbolo da poesia), que nasceu de Amrita (água da imortalidade). Dos elefantes, sou Airavata (símbolo de sabedoria e grandeza), e entre os homens, o Governador.

28. Das armas, sou o raio, e Kâmaduk (símbolo da fertilidade) entre as vacas. Entre os amantes, sou o Amor; entre as serpentes, sou Vasuki (rei das serpentes, símbolo do saber).

29. Entre os dragões, sou Ananta (símbolo da inteligência); entre os sêres aquáticos, sou Varuna (deus da água); entre os Pitris (antepassados), sou Aryaman (o seu chefe), e dos juizes, sou Yama (o juiz dos mortos).

30. Sou Pralada entre os Daityas (1); Tempo entre suas medidas; leão entre as feras, e águia entre as aves.

[(1) Daityas — Deuses intelectuais, opostos aos deuses meramente rituais, e inimigos de puja, sacrifícios.)]

31. Entre os purificadores, sou o puro ar; entre os guerreiros, sou Rama (poderoso conquis-tador). Entre os peixes sou Makara (o sagrado crocodilo); Entre os rios, sou o Gânges (o rio sagrado dos hindus).

32. De tôda a criação, Eu sou o princípio, o meio e o fim. Das ciências, sou a ciência do Espírito e o verbo dos oradores.

33. Das letras, sou o A; nas palavras a conjunção. Eu sou o tempo perdurável e Aquêle cuja face se volta para tôdas as partes.

34. Eu sou tanto a Morte, que não poupa a ninguém, como o Renascimento, que dissolve a Morte. Eu sou a Glória, a Fortuna, a Eloqüência, a Memória, o Juízo, a Fôrça, a Fidelidade, a Paciência.

35. Entre os cantos, sou o Hino Sublime; entre os versos, sou o Verso Místico. Entre as estações, sou a Primavera; entre os meses, sou o mês mais frutífero.

36. Eu sou a Sorte entre os jogadores, e o Esplendor de tudo o que brilha. Eu sou a Valen¬tia e a Vitória; Eu sou a Bondade dos bons.

37. Eu sou o Chefe de grandes tribus e famílias; Eu sou o Sábio dos sábios, o Poeta dospoetas, o Bardo dos bardos, o Vidente dos videntes, o Profeta.

38. Para os governadores, sou o Cetro do poder; entre os estadistas e conquistadores, sou a Diplomacia e a Política. Sou o Silêncio dos segredos, e o Saber dos eruditos.

39. Em suma, ó príncipe! Eu sou Aquilo que é o princípio essencial na semente de todos os sêres e de tôdas as coisas na Natureza; cada sêr, animado ou inanimado, é por Mim penetrado, e, sem Mim, nada pode existir nem por um ins¬tante.

40. Sem fim são as minhas manifestações divinas, ó Arjuna! Só exemplos delas te apresentei. Os meus poderes são infinitos em qualidade e variedade.

41. Todo sêr e tôda coisa são o produ¬to de uma infinitésima porção do meu Poder e da minha Glória.

42. Mas para que mais minúcias, ó príncipe? Sabe que Eu sustento todo êste universo continuamente, só com um infinitesimal fragmento de Mim mesmo".

____________________________________________________________________________


0 Bhagavad Gitâ, isto è, A Sublime Canção, também designada como a Canção do Senhor ou a Mensagem do Mestre, é uma das obras mais importantes que existem no mundo. Êste livro é altamente prezado pelos budistas e venerado como Escritura Sagrada pelos brâmanes, que, freqüentemente, o citam como autoridade no que se refere à religião hindu. A filosofia nêle exposta é um conjunto harmonioso das doutrinas de Patanjali, Kapila e dos Vedas.

0 Bhavagad Gîtâ é um episódio da grande e antiga epopéia hindu, intitulada Mahâbhârata, que contém 250.000 versos.



do Livro:

Bhagavad Gita, a Mensagem do Mestre
Editora Pensamento, 1993

Um comentário: